quinta-feira, 5 de maio de 2011

Débora Colker/ Cirque du Soleil

Pudera: não bastasse ser a primeira mulher e a primeira brasileira a dirigir um espetáculo do Cirque du Soleil, a coreógrafa teve nas mãos a tarefa de criar o show de aniversário de 25 anos da popular franquia canadense.
"Estou exausta, tive de brigar muito, mas não me arrependo de nada", dizia, antes da apresentação.



Quando as luzes se acenderam, o palco foi invadido por uma comunidade de insetos coloridos, que ensaiavam passinhos de dança entre os números acrobáticos da trupe.

O recheio era uma comédia teatral, com a história de amor entre um bicho azul indecifrável e uma gorda joaninha.
No total, "Ovo" apresenta 13 números com os tradicionais contorcionistas, malabaristas, trapezistas e equilibristas.
São 53 acrobatas-insetos em cena, às vezes todos ao mesmo tempo --a diretora não quis usar nenhum dançarino, preferindo ensinar os ginastas a se movimentarem a seu ritmo.
A marca do Cirque du Soleil está lá, com o fulgor de seu entretenimento popular e colorido. Mas não é só o nome, em português, que trai o dedo de Colker no show. Para começar, a ideia de usar insetos como personagens é dela, e possivelmente o melhor casamento entre a diretora e a trupe.
"O tema da biodiversidade veio pronto. Pensei em insetos por causa da relação com os corpos e a acrobacia", afirma.
O gosto do Brasil fica evidente com a trilha sonora, que é carregada de percussão e viaja de samba e forró a funk carioca.
E a assinatura da coreógrafa fica inconfundível no último ato, que mostra uma evolução performática da parede de alpinismo que ficou famosa com o espetáculo "Velox" (1995), da Companhia Deborah Colker. Agora ela tem 8 m e tem apoio de camas elásticas.
No entanto, a inspiração não veio só de casa. O número "Creatura" chegou pronto do grupo de mímica e teatro de máscaras suíço Mummenschanz --só que o bicho elástico acabou dançando o ritmo paraense carimbó.


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